Neste blog fazemos um breve análise sobre o símbolo hippie e seus impactos na quebra de paradigmas na década de 1960, apontando sua história no mundo e no Brasil e fazendo uma breve análise do signo hippie. Imaginem o alcance que teria o movimento hippie na era das redes sociais. Incrível o poder de mobilização e transformação social que influenciou o movimento hippie em todo o mundo, em um tempo onde não havia liberdade de expressão.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Análise do Signo Hippie

Em meados da década de 60, Gerald Holtom (integrante da inteligência durante a Segunda Guerra Mundial), desenhou a imagem que até hoje conhecemos como representante do movimento Hippie.
O símbolo Hippie é tão conhecido mundialmente como o pombo branco é conhecido no Cristianismo e Judaísmo, trazendo assim a ideia de conscientização, liberdade de expressão, libertação das injustiças sociais, opressão e inicio de uma mobilização cultural de forte impacto politico e social. Porém não podemos deixar de lembrar que onde há símbolo, ou seja, representação de um povo, ou cultura também se encontra um ícone, e por que não falar que este ícone é a própria simbologia Hippie? Sabemos que Símbolo e ícone não podem andar separados, já que um é o complemento do outro.
O índice é toda a representação do símbolo e ícone juntos, ou seja, os três se complementam fazendo com que, onde se encontra o símbolo hippie encontra-se também uma história e desta história encontra-se um povo e que este mesmo povo. 

Documentário History Channel Special - Hippies 2007

Documentário History Channel Special - Hippies 2007 
Fonte:  History Channel Special - Hippies 2007

Movimento Hippie

Surgimento do Movimento Hippie:
O movimento hippie surgiu como reação à Guerra do Vietnã, um grupo de jovens que haviam sidos convocados para servirem à guerra começaram a pregar "paz e amor” recusando-se a participarem dos combates, muitos acabaram presos e considerados como desrespeitadores da moral norte americana. Esse foi o surgimento do movimento Hippies ainda nos anos 40, após a II Guerra Mundial, com o início do movimento de contracultura, contestatária do sistema, o movimento Hippie,  foi fortalecido nos 60, iniciando-se nas grandes comunidades dos Estados Unidos e tomou proporção mundial.
O movimento hippie, foi composto por uma juventude rica e escolarizada, que no decorrer da década de 1960, somou forças com o movimento negro e passaram a discutir questões políticas relevantes até então pouco questionadas, essas discussões foram levadas a públicos, incentivando a formação de opinião sobre os acontecimentos e suas injustiças. Em uma sociedade sem tamanhas tecnologias e liberdade de expressão dos dias atuais, o movimento hippie conseguiu mobilizar uma grande quantidade de pessoas que passaram a lutar pela ampliação dos direitos civis e pelo fim das guerras que aconteciam naquela época.
Essa juventude desconfiava do poder econômico militar e defendia os valores da natureza. Na sua expressão mais radical, os jovens hippies abandonavam o conforto dos lares paternos e mudavam de cidades, muitos escolheram, São Francisco, para aí viver em comunidade com outros hippies; noutros casos estabeleceram-se em comunas rurais.
Os "hippies" (no singular, hippie) eram parte do que se convencionou chamar movimento de contracultura dos anos 60 tendo relativa queda de popularidade nos anos 70 nos EUA, embora o movimento tenha tido muita força em países como o Brasil somente na década de 70.

Movimento Hippie no Brasil

Movimento Hippie no Brasil, o Tropicalismo
O movimento mais próximo dos Hippies que aconteceu no Brasil foi o Tropicalismo, também chamado de Tropicália ou Movimento Tropicalista.
Um movimento cultural do fim da década de 1960 que surgiu sob a influência das correntes artísticas de vanguarda, da cultura pop nacional e estrangeira (trazendo o pop rock e o concretismo), mesclando manifestações tradicionais da cultura brasileira as inovações estéticas radicais.
Seus objetivos também eram sociais e políticos, mas principalmente comportamentais, que tiveram forte eco sob o regime militar, no final da década de 1960. Sua principal manifestação foi na música, cujos maiores representantes foram Caetano Veloso, Torquato Neto, Gilberto Gil, Os Mutantes e Tom Zé, uma música marcante foi Tropicália de Caetano Veloso.

Em pleno regime militar, a ditadura perseguiu os Tropicalistas, prendendo alguns artistas como Gilberto Gil e Caetano Veloso, que foram exilados por apresentarem críticas contrárias ao modo de governo em suas músicas. Por conta da repressão militar, a maioria dos verdadeiros Hippies e Tropicalistas no Brasil, migraram para áreas desertas praias baianas e para o interior de Goiás, onde muitos se encontram  até os dias atuais.
Caetano Veloso e Gilberto Gil 1969
Caetano Veloso e Gilberto Gil, eram líderes do movimento tropicalista no Brasil, foram presos em 1969 no Rio de Janeiro após protestarem de forma pública contra o regime militar do Brasil.  

Ideologia, cultura e valores do Movimento Hippie

“Viver hoje sem se preocupar com o amanhã”
(Carpe Diem).

A ideologia era da Liberdade, tudo era uma questão de liberdade, drogas, roupas, algumas comunidades adotavam o nudismo, viver para os Hippies era uma questão de Liberdade. Eles pregam o amor sem distinção e a não violência.
Seus valores: os Hippies defendiam o conceito “Paz e Amor”, negavam o nacionalismo, o patriotismo e as causas de violência e guerras. Defendiam os valores da natureza, e desconfiavam do poder econômico e militar. Adotaram o Carpe Diem (viver o hoje sem se preocupar com o amanhã).

O movimento e a cultura Hippie adotaram religiões como o budismo e o hinduísmo e/ou religiões nativas americanas. Eles estavam contra o desacordo dos valores tradicionais e das economias totalitárias e capitalistas. Os hippies adoptaram um estilo de vida nómada deixando o conforto dos seus lares. Eles viviam em comunidades com outros hippies ou em comunas rurais. Adoptaram um modo de vida comunitário estando em comunhão com a natureza. Viviam e produziam independentemente dos mercados formais.   

Simbologia do Movimento Hippie


Símbolo do Movimento Hippie
Símbolo do Movimento Hippie
O símbolo da paz, foi desenvolvido na Inglaterra para ser logo de uma campanha de desarmamento nuclear no ano de 1958, em 1960 os Hippies adotaram esse símbolo como o Símbolo da Paz.
Este símbolo tem o nome de Mandala (figura circular com 3 intervalos iguais).
                                                                            


Origem do Símbolo Hippie
O Símbolo foi desenhado pelo integrante da inteligência britânica durante a Segunda Guerra Mundial, Gerald Holtom, e têm como base a linguagem de bandeiras, quando se sobrepõem a N sobre a D (N de Nuclear e D de Disarmament, em português Desarmamento Nuclear).

Símbolo do Desarmamento Nuclear - 1958

Objetivo: passar uma mensagem “defensora da paz e expressar sua revolta diante da ameaça nuclear”
Este logotipo foi aprovado pelo “Direct Action Commitee Against Nuclear War” e selecionado para aparecer em publico na primeira marcha contra a Guerra Nuclear, reunindo centenas de pessoas em Londres em uma caminhada de quatro dias, essa marcha foi identificada por "1st Aldemaston March.
  
Variação de Interpretação Símbolo Hippie
“Sinal do Cristão Quebrado” ou “A  Cruz de Nero”
Existe uma crença de que o símbolo representa seitas e ideais satanistas.
Essa crença está relacionada com a crucificação do discípulo de Cristo,  Pedro, em Roma entre os anos de 64 a 67 d.C. No Circo de Nero (local onde hoje é o Vaticano), Néro mandou crucificar Pedro. A crucificação aconteceu na segunda captura do apostolo, a crucificação de deu com a cruz de cabeça para baixo a pedido de Pedro se achava inferior a Cristo, e Nero sabendo que assim seria mais doloroso, ainda pediu que quebrassem os braços da cruz. Nero a batizou como “Sinal do Cristão quebrado” ou “Cruz de Nero” e foi difundida pelos satanistas, representando a morte.

Algumas influências do movimento hippie na comunicação

Algumas características deixadas pelo movimento hippie ficaram em nosso dia a dia, tais como; linguagem coloquial, cinema, artesanatos e música. 
Linguagem coloquial
As gírias hippies surgiram no Brasil principalmente nos anos 70 e tornaram-se moda entre os jovens. Entre as gírias utilizadas ainda nos dias atuais estão;
ü  Dar o cano - quebrar compromissos
ü  Goiaba - Bobo
ü  Jóia - Tudo bem
ü  Podes crer - Acredito; concordo
ü  Cara - pessoa, usado para mulheres e homens
ü  Velha e velho - pai e mãe
ü  Meu - pessoa, cara
ü  Falou - chau, Até Mais
ü  Bicho - Amigo
ü  Parada - Negócio
ü  Bicho Grilo - Hippie
ü  Bichogrilês - Idioma dos Hippies
ü  Biônico - Político nomeado pelo governo
ü  Bode – Confusão
ü  Sacou - entendeu 
ü  Chacrinha - Conversa sem objectivos

Artesanato
Os hippies,  tem o costumo de fabricarem seus próprios objetos, focados em divulgarem através de suas obras de arte a sua cultura e suas ideologias de vida.
Cinema
No final dos anos 60 e início dos anos 70 o desenho animado Scooby-Doo foi feito por animadores que homenagearam a cultura Hippie, um personagem da série seria Hippie (o Salsicha), mas não foi aprovado, então homenagearam os Hippies imitado um carro de desenhos floridos (Mistery Machine ou Máquina Mistério) que imita os carros coloridos e libertys dos anos 60 e 70, o artista principal na criação da Van foi J. Ruby.
Kombi do desenho animado Scooby-Doo, uma homenagem a cultura hippie

Música
A música no movimento Hippie, servia para simbolizar os ideais do movimento, eles promoviam grandes festivais, com foco em rock, com duração de 3 dias, esses festivais eram considerados rituais onde toda a sua ideologia e crença eram transmitidas através da música. O festival mais famoso da história foi o “Woodstock Músic & Art Fair”, um festival de música realizado em 1969, em uma fazenda no subúrbio de Nova York (EUA), anunciado amplamente como “Uma Exposição Aquariana: 3 dias de Paz & Música”, mobilizou  450 mil pessoas e ganhou em 1971 o Prêmio Oscar de “Melhor Documentário”.
“Woodstock, Music and Art Fair” - 1971

Influências cultura hippie no Brasil

Influências Movimento Hippie no Brasil
O movimento Hippie influenciou no Brasil a ideologia da Liberdade e a liberdade de expressão, não se concretizou fortemente no Brasil, porém, influenciou de forma impactante a cultura do jovem da época, o que se estendeu até a atualidade.

Alguns legados foram negativos:
Tráfico de drogas, os hippies introduziram o uso de drogas em larga escalas.

Sexo desprotegido: não se preocupando com doenças ou gravidez, alegando ser tudo pela liberdade, paz e amor.